top of page
  • Foto do escritorTieta Macau

ANCÉS e outras macumbarias: poética visual de rastros insurgentes (II)


Imagem 01: Rastros da ação Anastácias – ação de movimento e leitura, um afefé (sopro e som) que dança e tenta desmontar esquemas de amordaçamento. Aparição de denúncia, cura e de inversões lexicais. Na imagem, rastros da ação: azeite de dendê, farinha branca de mandioca, pregos cuspidos por minha boca ao falar. Gesto de a Legbara. (Galeria Sem Título/CE – Foto: Sidnei Maia, 2019)


Imagem 02: Círculo de sal e areia em um dos rastos de Ancés. Ação onde desdobro curvas e leituras, numa tentativa de traçar a genealogia de um corpo negro em dança, que se desenterra, tenta desfazer e questionar trajetos impostos. Aqui o primeiro a ser feito é o círculo de sal grosso, cantigas e versos de licença e guarda. Pra suspender as muralhas de proteção. (Galeria Vermelho/SP – Foto: Edouard Fraipont, 2019)

Imagem 03: Enterrar, aterrar. A areia, a terra ou barro, o mineral terroso da energia primária da criação do ser humano por Nanã, mineral possível de cada lugar em que o rasto de Ancés se faz. Terra o bastante para enterrar o meu corpo e montar o terreiro dentro do círculo de sal. (Galeria Vermelho/SP – Foto: Edouard Fraipont, 2019)


Imagem 04: Terra preta o bastante para enterrar o meu corpo e montar o terreiro dentro do círculo de sal. Agora o chão está posto e posso começar a traçar o retorno, um regresso como o Anjo da História, curvar-me como a Sankofa e permitir que o passado se inscreva no seguir para o que está a frente, e antes de tudo para o que está no agora. (Mostra Arrabalde, Fortaleza, 2020)


Imagem 05: Registro de 60:1 uma das quatro ações do programa Desvio Padrão, composição insurgente de um corpo negro que se reconhece como erro padrão da estimativa. Ação que da imagem e movimento aos números virtualizados pelos padrões estatísticos voltados as corporeidades negras. (Centro Histórico/SLZ – Foto: Dinho Araújo, 2018)


Imagem 06: Rastro de 60:1, cravado no calçamento de um bairro histórico rodeado de casarões coloniais, erguidos com esforço de corpos escravizados. Um rasto lembrança da narrativa colonial ainda operante com suas necropolíticas. (Centro Histórico/SLZ – Foto: Dinho Araújo, 2018)


Imagem 07: Cartografia de um rio. Um dos mapas da série Acidentes Geográficos, série de rastos dos processos de Ancés. Alguns fragmentos detectáveis e guardados da partilha dançada. Mapa feito na ação de carimbar o corpo em tecido após os processos em sala de ensaio. Carimbo de suor e saliva escorridos no corpo em tecido de algodão cru, com intervenção de carvão e verniz e aplicação de contra-eguns e miçangas de rosários de Mina (trançado em Palha da Costa e cordão de contas ambos utilizados em religiões de matriz africana). Aqui as cores das contas fazem referência ao orixá Oxum e a palha ao orixá Obaluaê. Cartografia de um rio de cura. (Foto: Daniel Pellegrim, 2019)



Imagem 08: Pé que rasta a areia e mapeia o chão que pisa. Rasto um a aparição Ancés. (Centro Cultural Vale/MA – Foto; Paula Barros, 2017)


Imagem 09: Quantos oitos nos impedem de [dançar=pensar]? Em quantos oitos um corpo não consegue se enquadrar? Pés negros de um corpo negro que confere 400 anos de travessia/tráfico Atlântico. Quantos 8 me impedem de chegar a 5 milhões e pouco? É a segunda ação do programa Desvio Padrão. (Galeria CHÂO/SLZ – Foto: Dinho Araújo, 2018)

Imagem 10: Ausência e o que resta. Quantos 8 me impedem de chegar a 5 milhões e pouco? É a segunda ação do programa Desvio Padrão. (Galeria CHÂO/SLZ – Foto: Dinho Araújo, 2018)



Imagem 11: Cartografia dos pés. Um dos mapas da série Acidentes Geográficos, série de rastos dos processos de Ancés. Carimbo de suor e saliva escorridos no corpo em tecido de algodão cru, com intervenção de carvão e verniz e aplicação de trançado de Palha da Costa e búzios. (Foto: Daniel Pellegrim, 2019)


Imagem 12: Curva da Sankofa a dança para trás. Primeira aparição de Ancés. (Centro Cultural Vale/MA – Foto: Paula Barros, 2017)


Imagem 13: Curva de Bessen. Primeira aparição de Ancés (Centro Cultural Vale/MA – Foto: Paula Barros, 2017)


Imagem 14:Ancés se desenrola num tempo e espaço deslocado da temporalidade regida por Chronos e se aproxima do tempo em Iroko, o tempo de imanência da ação. Percorre o tempo de evocação e articulação de memórias que se dão entre movimento, som e palavra, rastros que compõem o presente da criação. (Galeria Vermelho/SP - Foto: Edouard Fraipont, 2019)


Imagem 15: “Monstra, algo que foge o natural... se natural for seguir as rédeas polidas e clareadas que oferecem nortes e setores ao meu existir, sim sou MONSTRA! Se é pra ser norteada prefiro ir ao sul, suleada. Prefiro atravessar em direção ao continente, prefiro a pangéia, disforme e preta.” - Trecho do texto Roda Preta escrito para aparição Ancés. (Galeria Vermelho/SP – Foto: Foto: Edouard Fraipont, 2019)

Imagem 16: Na imagem rastros de dendê e textos da ação Anastácias. “FALAR!! Arrebentar da boca preta a máscara da Anastácia. Para que sua voz irrompa os céus e alcance os mares infindos com suas grandes ondas (...) Reverbere Anastácia!” - Trechos do texto Açoite verborrágico: Anastácias sem mordaça utilizado na macumbaria Anastácias. (Galeria Sem Título/CE – Foto: Sidnei Maia, 2019)


Imagem 17: A roda da primeira dança. Ancés. “O galo cantou no rompe da aurora, todo mundo entrou e eu fiquei de fora. Já não posso mais dançar como d’antes já dancei e dançar na terra alheia até meu dançar mudei.” – verso de Cacuriá manifestação popular do Maranhão, e minha primeira dança. (Galeria Vermelho/SP – Foto: Foto: Edouard Fraipont, 2019)


Imagem 18: Todas as cores de terra onde a aparição Ancés aconteceu, várias qualidades de Nanã de lugares distintos do país. Da areia de construção a cascalho de beira de rio. Acidentes Geográficos da rastos de aparição. (Foto: Daniel Pellegrim, 2019)


Imagem 19: Da África em mim ou o carimbo do meu ventre costurado por contas de Oyá. Outro dos mapas rastos da série Acidentes Geográficos, Carimbo de suor e saliva escorridos no corpo em tecido de algodão cru, com intervenção de carvão e verniz e aplicação de contas vermelhas e búzios. (Foto: Daniel Pellegrim, 2019)



Imagem 20: Desenterrar. Ancés. “O que é dançar como uma negra? Olhar um pouco atrás, o infinito possível de combinações que me precedem. Que me pré-cedem o gesto e me cedem a dança.Curvo-me como a Sankofa para dançar outras danças, para lançar-me a frente... odu odu odu. Manifestamo-nos uns nos outros. Queres saber por que dançam os outros de mim? Porque ao dançarmos fazemos correr a espiral de Exú. Legbara princípio ativo em todas as coisas.”- Trecho do texto Roda Preta escrito para ação Ancés. (CCVM – Foto: Paula Barros, 2017)

88 visualizações0 comentário

Comments


bottom of page